A Ferrugem Asiática ainda é a mais importante e preocupante doença da cultura da soja e os problemas começaram a se tornar ainda maiores devido à resistência, uma vez que pesquisas científicas comprovam que há populações do fungo menos sensíveis às estrobilurinas e ao triazóis. O alerta foi dado pelo professor de Fitopatologia da Universidade Rio Verde (GO), dr. Luís Henrique Carregal, em entrevista à Revista Agrícola.
Ele destaca que para combater a doença, são necessárias várias medidas de controle, dentre elas obedecer o período do Vazio Sanitário, eliminar a soja tiguera para haver menos inóculo para a próxima safra e evitar a soja Safrinha (que na visão do pesquisador já deveria ter sido proibida no Brasil).
Além destas medidas, Carregal aponta ainda outros fatores importantes, como o plantio no cedo (no início da época recomendada), fazer adubação equilibrada, utilizar aquelas variedades que realmente são adaptadas para a região e promover o controle químico da lavoura.
“Para um melhor controle da doença, indicamos também a introdução de um fungicida protetor no sistema, que também chamamos de multissítio. Ele atua em vários pontos do fungo ao mesmo tempo, sendo utilizado para manejo de resistência. O mancozebe, por exemplo, é utilizado desde a Década de 1960 e até hoje não há registro de fungo resistente a ele. Portanto, devemos introduzir estes produtos no sistema de aplicação para o combate de doenças da soja para obtermos o controle mais efetivo e gerenciar a resistência”, explica.
A Universidade Rio Verde faz um trabalho com fungicida protetor há quatro safras e os estudos apontam que os produtos utilizados agregam controle aos fungicidas que já apresentam maiores problemas de resistência e são primordiais para aqueles que ainda estão funcionando bem. Segundo o professor, o objetivo é preservar a eficácia destes novos produtos (Fox, Orkestra e Elatus) que ainda têm melhor efeito sobre as doenças.
Sobre a soja “safrinha”, Carregal destaca que estas lavouras surgiram com o objetivo do agricultor produzir sua própria semente ou simplesmente ganhar dinheiro. Para ele, ao analisar a situação econômica atual do país, onde o dólar está mais valorizado frente ao real e como boa parte dos negócios da soja é para exportação, o agricultor obtém um preço melhor.
“Alguns agricultores alegam que plantam a soja safrinha para a produção de sementes de boa qualidade, porém sabemos que na maioria dos casos, isso nada mais é do que uma alternativa de renda. O que o agricultor não entende é que, pelo número excessivo de aplicações de fungicidas que precisa ser feita ocorre uma grande pressão de seleção sobre o fungo e os poucos produtos que ainda funcionam irão perder a eficiência e a produção de soja vai ser prejudicada, o que afeta a economia do Brasil”, explica.
O professor destaca novamente que os produtos que têm a maior eficiência contra as doenças da soja na atualidade são os mais novos, podendo ser divididos em três grupos: no primeiro estariam o Elatus, Fox e Orkestra e os dois seguintes são formados pelos mais antigos, sendo os que ainda têm alguma eficiência (Aproach Prima, Sphere Max e Horus).
Encerrando a entrevista, o professor de Fitopatologia deixa alguns conselhos aos agricultores, como a importância do plantio no cedo e a aplicação preventiva dos fungicidas, nunca repetindo mais de duas vezes seguidas o mesmo produto na safra, com alternância de grupos químicos. Matéria editada pela equipe da Revista Agrícola.