Como utilizar o feijão Guandu Mandarim na terminação de bovinos?
Nesta edição recebemos a solicitação do leitor Dirceu Chenou, administrador do setor de bovinocultura de corte da Novamérica, no município de Tarumã (SP).
Chenou trabalha na terminação de 1200 bois em sistema de confinamento, e precisa diminuir os custos com o farelo de soja e amendoim, que ficaram inviáveis, em especial pela alta do dólar.
Sua ideia é substituir o farelo de soja e amendoim pelo feijão Guandu BRS Mandarim, cujo teor de proteína na matéria seca está em torno de 15%, segundo pesquisadores da Embrapa.
Para Chenou, ainda é necessário fazer o plantio e toda avaliação de custo/benefício da planta para tomar as decisões corretas. Sua ideia é fazer uma experiência com cerca de 120 bois pelo espaço de 90 dias para contabilizar se houve ou não ganho de peso com o uso do guandu Mandarim.
A Revista Agrícola foi em busca de informações sobre o novo feijão Guandu. Nossa reportagem falou com o dr. Rodolfo Godoy, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, que nos deu informações detalhadas sobre o estudo.
Segundo Godoy, a Embrapa Pecuária Sudeste, em parceria com a Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto), tem feito um trabalho de divulgação sobre o Guandu BRS Mandarim para recuperação de pastagens degradadas. Em sistemas de integração com braquiária, a leguminosa BRS Mandarim tem contribuído para restabelecer a fertilidade do solo e melhorar o desempenho animal.
A Embrapa tem focado como o pecuarista pode implantar o guandu para recuperar a pastagem e melhorar a eficiência do rebanho. Pesquisas têm apontado bons resultados na recuperação destas pastagens, destacando que a degradação tem sido um dos maiores problemas da pecuária brasileira, comprometendo o desempenho animal e a rentabilidade dos sistemas de produção.
Estudos apontam que 80% das pastagens encontram-se em algum grau de degradação, processo no qual ela perde o vigor, produtividade e sua capacidade de recuperação natural, reduzindo a qualidade dos pastos. E uma alternativa para reverter esse quadro e garantir o aumento da produtividade na pecuária é a utilização do Guandu.
A leguminosa é uma opção viável, pois apresenta baixo custo de implantação, é de fácil manejo, serve como alimento para os animais e possui alto potencial para adubação verde, melhorando a fertilidade do solo com a emissão de nitrogênio.
Antes de implantar o Guandu BRS Mandarim o pecuarista deve realizar a análise do solo para verificar a necessidade de correção. Depois, se necessário, ele deve fazer a roçagem da área, deixando a pastagem com, no máximo, 10 centímetros de altura. O Guandu deve ser semeado por meio de Plantio Direto, com profundidade de 2 a 5 centímetros e espaçamento entre 40 centímetros a 1,2 metros entre linhas, com 10 plantas por metro linear e taxa de semeadura de 30 quilos por hectare.
O plantio deve ser realizado na época das águas (de outubro até a primeira quinzena de janeiro) e os animais devem ser levados para a área um pouco antes da florada, devendo se alimentar na época seca do ano, durante a formação de seus frutos.
Após um ano, no início das estações das águas, a leguminosa deve ser roçada (com o resto sendo deixado na superfície para servir de adubação verde). As roçadas rebrotarão e iniciarão outro ciclo. A persistência na área do Guandu é de aproximadamente três anos, sendo depois necessário um novo plantio.
Segundo dr. Rodolfo Godoy, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, o Guandu BRS Mandarim é a primeira variedade lançada pela Embrapa Pecuária e trata-se de um material muito uniforme. O teor de proteína na matéria seca está em torno de 15% e não perde em nada para outras variedades e, por seu colmo ser bem desenvolvido, contribui na descompactação do solo, resistindo à escassez de água e produzindo ao redor de 10 ton/ha/ano de matéria seca. A fixação de nitrogênio pode chegar a 280 kg/ha/ano, equivalente a aproximadamente 630 kg de ureia.
“A recomendação é que se plante no início do verão para aproveitar o clima quente, pois no final da estação de água pode ajudar no trato do gado no inicio da estação da seca”, indica ele.
Pode ser consumido sozinho, bem picado, no cocho ou misturado com milho.
Para silagem, muitos acabam plantando consorciado com o milho, e colhe junto com o grão. Outra opção é plantar sozinho em espaçamento de 40 a 60 cm de entrelinhas e o primeiro corte pode ser realizado em torno de 60 dias. Bem cuidado, o Guandu Mandarim pode durar até 3 anos.
“Ensaios realizados em uma usina no norte de São Paulo alcançou produção de 16 toneladas por hectare e, mesmo sendo indicado para solos fracos, ele responde muito bem em solos bem corrigidos. Caso o produtor queira fazer o consórcio com a braquiária, pode-se plantar primeiro a braquiária e, após emergida, entrar com o plantio de Guandu”, completa.
No momento estamos em busca de sementes da leguminosa, mas até o momento, a Unipasto disse não ter volume suficiente para a venda de grandes lotes.