A francesa Lactalis comprou o laticínio mineiro Itambé, que pertencia à Cooperativa de Produtores de Leite de Minas Gerais (CCPR).
Pela primeira vez desde sua fundação, em 1948, a Itambé não estará nas mãos dos produtores rurais. A companhia francesa passou na frente dos mexicanos da Lala, que também tentavam comprar a empresa.Desde 2013, a J&F era sócia da Itambé com 50% de participação e dividia o controle com a CCPR. A cooperativa, no entanto, preferiu exercer seu direito de preferência e recomprar a fatia dos Batista do que fechar negócio com a Lala.
O valor da transação não foi divulgado, mas pessoas próximas ao processo dizem que a Lactalis pagou um ágio em relação ao R$ 1,4 bilhão oferecido pela Lala.
O negócio também inclui um acordo de fornecimento de leite de longo prazo entre a CCPR e a Lactalis. Com a aquisição da Itambé, a Lactalis se firma como a maior compradora de leite do Brasil, ultrapassando a suíça Nestlé.
Após a conclusão da venda, a CCPR, que já teve problemas com alto endividamento, ganhará uma expressiva disponibilidade de caixa. Mas os produtores podem perder poder de barganha na venda do leite.
Quando os Batista venderam a Vigor, a CCPR pediu apoio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para exercer o direito de preferência e evitar o negócio com a Lala.
A Codemig chegou a aprovar um aporte de R$ 587 milhões para a CCPR , mas o empréstimo nunca foi feito. A nova diretoria da CCPR preferiu fechar o negócio com a Lactalis.