A temperatura da superfície do mar chegou a cair 1,1 ºC abaixo da média em novembro na região equatorial e ficou 1,6 ºC abaixo do normal na costa da América do Sul no início de dezembro. Para que o La Niña se configure oficialmente, o oceano precisa permanecer pelo menos 0,5 ºC mais frio que a média durante um mínimo de cinco meses seguidos. Os institutos de meteorologia têm dúvidas sobre se o resfriamento vai durar tempo suficiente para a formação do fenômeno, mas estão certos sobre a influência dessa condição sobre o clima durante a safra 2017/18.
“A atmosfera já responde como La Niña desde meados da primavera. O frio fora do normal que sentimos em outubro e novembro indica que o fenômeno já está funcionando”, interpreta Celso Custódio, da Somar. Para o Sul do Brasil, o risco é de estiagens pontuais, a exemplo da safra passada. “Os efeitos adversos do La Niña serão compensados pelo Atlântico quente e ventos fortes em altitude que terão capacidade de segurar as frentes frias por mais tempo sobre a região Sul”, projeta o meteorologista.
Luiz Renato Lazinski, do Inmet, prevê boas condições para chuva no início de janeiro, mas redução gradual em fevereiro e março. “Vamos ter períodos em que vai chover muito e períodos relativamente longos em que vai chover pouco”, adverte.
As temperaturas deverão ficar acima da média na metade Sul gaúcha, onde os períodos de sol serão mais prolongados, segundo Oliveira.
SAFRINHA 2018
As condições favoráveis a um La Niña podem impactar também sobre a safrinha de 2018. Isso porque o fenômeno normalmente antecipa a chegada das primeiras ondas de frio durante o outono. O risco pode ser maior em 2018 devido ao atraso na instalação da safra de soja.
CENTRO-OESTE
As lavouras de soja do Centro-Oeste do Brasil deverão ser beneficiadas por chuvas regulares durante boa parte do ciclo. No entanto, aumenta o risco de invernadas (períodos chuvosos) durante o período de colheita, diz Oliveira. O clima mais úmido também pode atrapalhar o plantio do milho safrinha em Mato Grosso.