Inoculantes e fertilizantes naturais associados podem vir a substituir o uso de ureia na fertilização do feijão. A conclusão é de um estudo conduzido por pesquisadores da Fepagro Litoral Norte, em Maquiné, cujos resultados foram publicados este mês em um artigo da revista Pesquisa Agropecuária Tropical. Assinam o trabalho os pesquisadores Juliano Garcia Bertoldo, Raquel Paz da Silva e Rodrigo Favreto, a bolsista Amanda Pelisser e a economista Luciene Antunes Dias de Oliveira.
A pesquisa teve o objetivo de encontrar alternativas para o uso de fertilizantes nitrogenados químicos, que causam impactos econômicos e ambientais nas lavouras. No experimento, para facilitar a fixação biológica de nitrogênio, as plantas de feijão receberam inoculantes combinados com a aplicação de extrato de alga (Ascophyllum nodosum), de fertilizante mineral contendo pó de rocha e molibdênio.
De acordo com o pesquisador Juliano Bertoldo, coordenador do Programa de Melhoramento do Feijão da Fepagro, os resultados foram considerados promissores. “A inoculação, por si só, não é suficiente para atingir o rendimento de grãos em patamares similares aos do sistema convencional. Conforme observamos nos resultados, quando associada ao pó de rocha, molibdênio e extrato de alga, o rendimento de grãos pode não diferir do método tradicional”, detalha.
Segundo o pesquisador, o feijão é altamente dependente de ureia, apesar de ser uma leguminosa – na cultura da soja, por exemplo, não são mais utilizados fertilizantes nitrogenados devido à grande eficiência da fixação biológica de nitrogênio. “É importante destacar que os estudos de fixação biológica de nitrogênio na soja, desde o início, estiveram associados ao melhoramento genético, o que não ocorreu ainda com o feijão. Enquanto não obtivermos cultivares altamente eficientes na fixação, que é um dos focos de pesquisa da Fepagro Litoral Norte, podemos optar por utilizar técnicas para aumentar essa fixação, mesmo nas atuais cultivares adaptadas ao cultivo com ureia”, conclui.