Promovido pela Semegrão Comercial Agrícola e pelo Buscagro, reuniu grande público em Londrina, o evento foi realizado no Parque de Exposições Governador Ney Braga, nos dias 20 e 21 de novembro.
Considerado um evento inovador, que destaca a produção de milho do país, o Simpósio é destinado aos produtores e empresários rurais, pesquisadores e estudantes de toda a região.
A abertura oficial do evento ocorreu na quarta-feira, dia 21, as 14h e contou com a palestra do CEO da Semegrão, Silvio Sugeta, que falou sobre como rentabilizar mais com a Safrinha, neste momento de nova era digital. Ele diz que é ‘uma alegria muito grande’ poder reunir, nos dois dias, produtores e profissionais da área.
O evento contou com painéis e palestras de pesquisadores e empresários que apresentaram diferentes visões, perspectivas e principalmente as principais inovações do mercado. Além disso, foi montada uma área de estandes com as principais empresas do setor.
Segundo o idealizador do I Simpósio da Cadeia Produtiva do Milho, Silvio Sugeta , foi uma grande satisfação reunir nesses dias essas 500 pessoas. È um público específico de produtores, consultores, técnicos, profissionais e estudantes que envolvem toda essa cadeia produtiva.
A região de Londrina, é um pólo que é pujante na produção de milho safrinha. E nós comentamos na palestra, sobre como rentabilizar mais, pois os custos são mais altos, os preços são cada vez mais voláteis e o produtor tem esse desafio. E nós também temos a missão de ajudar nossa classe, abordando assuntos diversos, desde a cadeia de produção, comercialização, gestão, contabilidade, investimentos e ajudando um pouquinho de cada coisa nessa etapa da cadeia produtiva. Temos a certeza que conseguiremos viabilizar ainda mais essa atividade. Afirmou Sugeta
“Essa nova transição digital que estamos passando, sofremos todos os impactos e também estamos encontrando oportunidades de fazer com que cada produtor se una a bons profissionais, a bons produtores para que a boa informação de todos os aspectos da cadeia, possa disseminar cada vez mais rápido, ajudando toda uma região a ser cada vez mais produtiva e próspera nessa atividade”
Queríamos uma forma menos comercial, mais informativa e mais técnica de aproximar toda a cadeia, desde genéticas, fornecedores de fertilizantes, sementes, defensivos, químicos; Enfim, toda cadeia que envolve essa atividade tão importante aqui na nossa região. E que pudesse também trazer informações técnicas sem apelo comercial e de negócios, com mais informações uteis ao produtor.
Ficamos muito felizes com o feedback que recebemos sobre a organização do evento. E iremos fazer o segundo simpósio, para tentar agregar mais informações, trazer palestrantes com muito mais conhecimento.
Temos um novo desafio de elevar essa produtividade do Milho Safrinha e estamos criando junto com outros parceiros o concurso de produtividade, para que cada vez mais os produtores possam investir em produtividade; porque somente assim acreditamos que iremos conseguir rentabilizar a produtividade.
Outra participante do Simpósio do Milho Safrinha foi a empresa CCAB Agro, que apresentou a palestra “Soluções integradas para proteção de cultivos e produtividade”.
O representante da CCAB Agro, Fábio Marques, destacou que a empresa tem o objetivo de promover e compartilhar conhecimento com produtores rurais. Acrescentou que é formada por produtores rurais, representados por 21 cooperativas, além da participação de um grupo francês. “A CCAB tem um modelo de negócios diferenciado porque é de fato dirigida por agricultores”.
Durante o evento, foram abordados assuntos relativos à competividade no agro. Foi debatida a questão do digital dentro do setor. “Trouxemos um pouco das principais conclusões da FAO sobre a utilização de tecnologia no campo”, explica Fábio.
Ele enumerou três conclusões. A primeira: quem não utilizar tecnologia no campo tende a falhar. A segunda: um dos maiores riscos de competitividade para o agronegócio brasileiro é a não adoção de tecnologia na mesma velocidade em que acontece em economias maduras. A terceira: essa transformação digital no agro não tem precedentes, sendo diferente do que aconteceu no passado, das revoluções da genética e da revolução verde, por exemplo. “Ela não muda apenas a maneira como cultivamos, mas também como comercializamos, enfim, muda toda a cadeia do setor”, enfatiza. “Temos de estar preparados e atentos a essas mudanças para saber filtrar as tecnologias que funcionam e levá-las aos nossos agricultores”.
Fábio afirmou que a CCAB Agro está preocupada, acima de tudo, em entregar performance ao agricultor. “O biológico é uma tendência dentro do mercado e estamos preocupados em selecionar o que de fato agrega valor ao produtor”.
Ele apontou que existem alguns desafios de performance em função da resistência de alguns químicos. “Não vemos dentro do pipeline de lançamentos futuros novas moléculas. Além disso, há um apelo cada dia maior do consumidor final pela redução do uso de proteção de agroquímicos. E o biológico tem potencial para atender essa necessidade”, comenta. “Temos alguns produtos dentro do portfólio nesse sentido, principalmente focados para a lagarta spodoptera, falsa-medideira e helicoverpa armígera”, exemplifica. “Introduzimos esse ano um produto focado para mosca branca, ácaro rajado e cigarrinha do milho. Pretendemos ter em um curto prazo novos produtos para nematoide e para outros fungos de solo, como o mofo branco”, anuncia.
Relatou que o mercado conta com muitos produtos que possuem o desafio de entregar performance, mas são de baixa qualidade. “Temos desenhado todo um processo sistemático de controle de qualidade para assegurar que o produto que chega até o produtor tenha passado por um laboratório, para realizar análise de concentração, e pelo campo, para ver sua performance. Isso vem sendo desenvolvido para de fato entregar valor ao produtor”.
Fábio Marques, da CCAB Agro, destacou que o diferencial da sua empresa está ligado em a gerência possuir diferentes cooperativas agrícolas no comando. A pauta do evento foi baseada na “Competitividade do Agro” e trouxe para o simpósio os resultados das ferramentas digitais no campo, expondo as conclusões das transformações digitais no agro. Marques ressalta que “quem não utilizar a tecnologia, irá falhar”. Já Rafael Húngaro, da Agro Húngaro, que falou sobre “Agricultura Digital e Nutrição”, contrapõe-se a Fábio Marques, alertando: “a tecnologia, sozinha, não vai resolver o problema da agricultura. É necessária também a mão de obra humana”.
Outro palestrante do Simpósio da Cadeia Produtiva do Milho foi o professor Robinson Osipe, em sua visão de professor, inovação é utilizar velhas ferramentas para preservar as novas, ele ministrou a palestra Inovações no manejo de plantas daninhas na cultura do milho.
Ele destacou que não há como falar de produção de milho – de primeira ou segunda safra – sem falar da pressão que as plantas daninhas causam. “No passado, tínhamos o mato competindo e, quando vieram a soja e o milho transgênicos, criou-se uma ilusão de que o glifosato iria resolver todos os problemas, de que iríamos limpar as áreas de uma forma barata. Hoje as plantas daninhas não respondem mais como antigamente e o custo desse manejo ficou muito alto”.
Por isso, o professor afirmou que hoje a inovação é usar velhas ferramentas. “Usar enxada, carpir, tirar moita grande é inteligente. Voltar a usar herbicidas em pré, na minha opinião, é a virada da chave que precisamos para a situação não se agravar”.
Ele explicou que atualmente o capim amargoso não morre com o glifosato. “E se eu continuar errando e o capim amargoso não morrer mais com graminicida? O que é que vai controlar?”, questiona.
Osipe citou alguns herbicidas usados antigamente, que na sua opinião são inovações. “Inovação é usar coisa antiga para poder poupar as novas”, reforça. “Se eu não usar velhas ferramentas, a pressão de seleção em cima de glifosato vai ser muito grande. Hoje são 15 plantas que não morrem com glifosato; amanhã serão 30, 50 e esse manejo vai ficar muito caro”, acrescenta. “Enfim, o meu objetivo maior foi falar como usar ferramentas antigas como inovações para poupar o futuro de problemas mais graves no manejo de plantas daninhas”, resume.
Assim como Rafael Húngaro, o professor pesquisador Robinson Osipe, sinaliza: “temos que usar a enxada, carpir, tirar moita grande”. Osipe, que apresentou o tema “Inovações no Manejo de Plantas Daninhas na Cultura do Milho”, exalta que a melhor inovação para combater essas ervas é utilizar as ferramentas antigas e herbicidas primários, pois o glifosato não está dando conta de acabar com elas sozinho.
Rafael Húngaro, da Agro Húngaro, ministrou uma palestra aos participantes do Simpósio da Cadeira Produtiva do Milho, promovido pela Buscagro. Ele falou sobre agricultura digital conectada com nutrição de plantas e fertilização de solo.
Seu objetivo foi mostrar como a era tecnológica está impactando a agricultura e quais são as dificuldades encontradas e que estão surgindo. “Falamos ao produtor rural que a tecnologia sozinha não vai resolver, ela precisa do corpo humano agrícola conectado a ela. E procuramos mostrar como fazer isso funcionar de forma prática e rentável”.
Rafael disse que a Agro Húngaro firmou recentemente uma parceria com a Semegrão e com a Buscagro e que sua participação no seminário foi bastante positiva. “Fique bem surpreso com organização do evento e gostei bastante da qualidade do público presente”, enaltece. “Isso me chamou bastante a atenção, pois está cada vez mais difícil tirar o produtor de casa para discutir e buscar uma melhora da situação. E a Buscagro conseguiu realizar esse feito”.
A XP Investimentos também participou do Simpósio do Milho Safrinha, promovido pela Buscagro, e levou orientação aos produtores sobre mercado e comercialização.
De acordo com Fernando Rodrigues, a XP Investimentos desenvolve um trabalho muito consistente de estratégia de comercialização. “Explicamos aos produtores como funciona esse mecanismo. O objetivo é proporcionar sustentabilidade a longo prazo para o produtor, para garantir a rentabilidade do seu ativo, e também para diminuir um pouco a volatilidade”, explica. “A guerra comercial, a China consumindo muito mais proteína do Brasil, dentre outros fatores, trazem volatilidade para o mercado e consequentemente mais insegurança para quem está querendo fazer essa comercialização”.
Fernando atentou que o produtor olha apenas a sua região na hora de comercializar. “Ele precisa olhar para o que acontecendo na bolsa, pois o preço de lá reflete a expectativa de todos os players e do mercado. É importante olhar a bolsa porque isso te dá a diretriz de qual decisão tomar, te mostra para onde o preço está indo.”, argumenta.
No data da entrevista com o representante da XP Investimento (meados de novembro), a saca do milho era vendida entre R$ 46 e R$ 47. “Esse preço pode subir por conta do incremento de demanda interna, com as usinas de etanol de milho no Mato Grosso, e por conta do nível recorde de exportação, perto de 40 milhões de toneladas. Isso vai deixar o estoque menor no futuro, na safra de verão, e ele talvez não seja suficiente para abastecer o mercado interno. Com isso, poderemos ter uma valorização maior no mercado”.
Por isso, Fernando aponta para a importância do conhecimento. “O produtor precisa colher mais informações e analisar o mercado para tomar uma melhor decisão e assim garantir sustentabilidade e um lucro melhor do seu produto”.
No final do Simpósio foi lançado oficialmente a 3ª edição da Expedição Milho Safrinha, com a novidade do Rally Campeões de Produtividade. O evento tem como patrocínio ouro o Buscagro, e tem início em março de 2020