Por Renata Baldo
O amendoim vem sendo cultivado pela família Canhada desde 1994 na região de Echaporã-SP. O solo arenoso apresenta vantagens para o trabalho com a cultura em relação ao solo argiloso, dentre elas a facilidade de entrada de maquinário do plantio até a colheita, com menor ocorrência de torrões.
José Carlos Canhada e seu irmão Elias plantam atualmente 2.400 hectares da variedade IAC 886, a qual já está adaptada às condições ambientais regionais. A produção é armazenada e processada em barracões construídos na propriedade exclusivamente para este fim.
Para o cultivo do amendoim o solo é preparado com calcário e gesso, além dos cuidados em conter e prevenir erosões e o escoamento das águas pluviais. Ultimamente, o amendoim tem sido a principal cultura utilizada na reforma de áreas de cana-de-açúcar. “A grande maioria do amendoim plantado na região está focada na renovação de canaviais e em menor proporção na reforma de pastagens”, comenta.
A recomendação pela utilização de leguminosas na reforma de canaviais leva em conta o custo relativamente baixo, o aumento significativo das produções e a longevidade do canavial em, pelo menos, dois cortes. Além de não interferir na brotação da cana, o amendoim protege o solo contra a erosão e evita a multiplicação de plantas espontâneas.
Segundo Canhada, com a tecnologia Intacta reduziu-se as aplicações de inseticidas na soja, enquanto que no amendoim são necessárias várias intervenções com agroquímicos, especialmente fungicidas. Assim como em outras culturas, no amendoim o manejo de pragas também se faz necessário. O ataque expressivo de fungo tem exigido grande número de pulverizações de agroquímicos elevando o custo de produção e reduzindo a produtividade. “Além do volume de chuva que foi acima do esperado, a safra 2016 de amendoim também foi menor devido às doenças”, relata.
Este ano os irmãos Canhada colheram aproximadamente 165 sacas por hectares, sendo esperada uma produção superior em até 83 sacas. A produção aquém das expectativas, em contrapartida, reflete positivamente no mercado norteado pela lei da oferta e demanda. O produto permanece valorizado tanto para exportação como no mercado interno.
O dólar em viés de alta favoreceu as exportações do amendoim e, recentemente, com uma ligeira queda da moeda americana o mercado interno passou a absorver a produção da leguminosa. ”É o mesmo caso da soja que, exportada em grandes proporções tanto in natura como em óleo, faz falta aos estoques nacionais passando a ser mais valorizada dentro do país, que fora dele”, compara.
Novas variedades de amendoim vêm sendo testadas, mas, até o momento nenhuma convenceu Canhada e seu irmão a abrir mão da IAC 886, ainda que parcialmente. “O IAC investe muito forte no amendoim, tanto que 70% da produção nacional são destinadas à exportação”, comenta.
DADOS GERAIS – A área total nacional de amendoim, considerando as safras verão e inverno, atingiu 93,9 mil ha, com 80,8% ou 75,9 mil ha cultivados no Estado de São Paulo.
A Alta Mogiana, região de Ribeirão Preto e Jaboticabal, e a Alta Paulista, região de Marília e Tupã, são as duas maiores produtoras de amendoim no Estado. Nestas regiões tradicionais, a cultura encontra espaço na renovação dos canaviais, com produção da safra das águas. Na Alta Paulista, especialmente, a renovação de pastagens e canaviais torna disponíveis as áreas para produção de duas safras; verão e inverno.
No Oeste Paulista planta-se 65 mil hectares com amendoim. A variedade Runner tem despontado na preferência dos produtores, por ter um desenvolvimento rasteiro, bem como um ciclo de 130 dias. A aceitação da leguminosa no mercado tem haver com suas propriedades nutricionais.
Segundo a Associação da Indústria Brasileira Amendoim (Abicab), ele pode ser aproveitado como suplemento proteico, inclusive na merenda escolar, e seu óleo composto em aproximadamente 80% de gorduras insaturadas tem comportamento semelhante ao azeite de oliva, ajudando a combater o colesterol ruim (LDL). O alimento é comumente utilizado, inclusive, nas dietas médicas para diabéticos.