Na última quarta-feira, dia 08, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o último resultado do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA). De acordo com o órgão, a próxima safra brasileira para cereais, leguminosas e oleaginosas deve alcançar o recorde de mais de 300 milhões de toneladas.
Esta previsão é de cerca de 15% maior que a safra de 2022 (uma diferença de quase 40 milhões de toneladas no total) e 2% acima da estimativa de dezembro para a safra de 2023 (o que dá aproximadamente seis milhões de toneladas a mais). Ainda segundo o IBGE, a expectativa é de recorde nas produções de soja, cujo Brasil é o maior produtor mundial, e de milho, que tem nosso país como terceiro maior produtor do planeta.
No entanto, apesar das ótimas notícias, existe um problema que vem tirando o sono de produtores e presidentes de cooperativas: a possibilidade de uma crise de armazenamento desta produção. Pensando nisso, a Revista Agrícola conversou com Dilvo Grolli, Branco Fadel e Franco Di Nallo, presidentes da Coopavel, da Coopermota e da Cooperativa Agropecuária de Pedrinhas Paulista, respectivamente.
Dilvo Grolli, da Coopavel, exaltou os números divulgados pelo IBGE: “Estamos muito otimistas com a colheita da safra 2022/23, pois a previsão é 14,7% maior que a safra de 2022, que deu 263 milhões de toneladas ao Brasil. Temos um enorme potencial de crescimento, de forma sustentável”, afirmou.
Para Grolli, os recordes de produção da soja e do milho foram devido a uma safra de verão muito boa, o que aumento a expectativa para a segunda safra: “Com exceção do Rio Grande do Sul, onde as chuvas demoraram e têm estado abaixo da média, o clima nos demais estados tem ajudado as lavouras”, afirmou.
Segundo Grolli, a Coopavel está preparada para receber esta supersafra: “Fizemos investimentos, buscando dar suporte aos nossos associados. Esta é uma preocupação geral, de várias cooperativas, mas acredito que vamos conseguir superar esse desafio e recepcionar esta grande previsão de colheita da safra 2022/2023”, reiterou.
Branco Fadel, presidente da Coopermota, se diz entusiasmado para o ano que está apenas começando: “A expectativa é muito boa, 2023 é um ano promissor. A participação do agricultor vai ser muito importante, também, até por estarmos vivendo um bom momento da agricultura”, ressaltou.
Com relação ao problema de armazenamento, Fadel é enfático: investimento é essencial para superar este gargalo. “É um desafio. É um bom desafio saber que você vai trabalhar com excesso. Muito melhor do que ter alguma frustração com a safra. Mas a Coopermota investiu bastante nisso, vem se preparando para este momento. O produtor pode confiar”, garantiu.
Logística alternativa – Franco Di Nallo, presidente da Cooperativa Agropecuária de Pedrinhas Paulista há quase 30 anos, relata que a crise abrange todo o Brasil, e superá-la será um desafio. Mas garante que está preparado para isso, por conta de ter vivido experiências anteriores.
“Nós tivemos recentemente uma supersafra de milho safrinha, a qual levamos para a CIAGESP de Tupã. Onde dava para armazenar o excedente, apesar de ser um processo caro”, afirma Di Nallo, que complementa dizendo que depender da armazenagem em estações do estado são sempre mais difíceis.
Para a soja, a solução encontrada foi mandar a produção para alguns portos, com pré-fixação dos preços: “Existe essa possibilidade. Em nosso estatuto, não podemos vender os produtos dos associados, mas podemos manda-los aos portos, a fixar. No prazo estabelecido, o produto é vendido, não importa o preço”, disse.
Finalizando a entrevista, Di Nallo garante a safra atual está segura no que diz respeito à armazenagem. O problema, no entanto, é com relação na safrinha de 2023: “Não vai caber, de maneira alguma. Aí vamos pegar a soja que está aqui e mandar para o porto de novo. É uma saída que temos”, concluiu.
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