Por Agatha Elena Zago
Neste Dia das Mães a Revista Agrícola e o Rally Mulheres do Agro gostariam de homenagear todas as mulheres que atuam como alicerces de suas famílias e das produções no agronegócio.
Em parceria com as Mulheres do Café do Norte Pioneiro do Paraná, entrevistamos produtoras que são mães e passam seu legado inspirador para a próxima geração do agro.
Na cidade de Pinhalão, no estado do Paraná, a produtora Solange Aparecida Pereira Braga comemora cinco anos de morada no Sítio Raízes. “Nasci no café”, conta Solange que, desde pequena, viu seu avô e seus pais trabalhando com a cultura no estado de São Paulo. “Meu marido, José Paulino, nasceu aqui então quando casamos viemos para cá. Fomos comprando pedaços de terra e, aos poucos, formamos o nosso sítio que hoje conta com mais de 40 mil pés de café”, diz a produtora. A propriedade já pertencia ao casal há mais de 17 anos, mas apenas visitavam em feriados, indo de vez em quando para o lugar. Com a aposentadoria e o casamento dos filhos mais velhos, resolveram se mudar para a área rural e se dedicar intensivamente aos cuidados com o café.
Uma das maiores dificuldades enfrentadas com essa cultura é na formação dos pés de café, que demoram uma média de três anos para dar frutos depois do seu plantio. Com a bienalidade do café, a produtora aponta que é essencial possuir talhões em diferentes estágios de vida e que essa rotatividade permite um melhor rendimento e qualidade para os grãos do café. “Um ano é do produtor e outro do café”, brinca Solange, “temos plantas pequenas, outras que vão dar a primeira carga agora e alguns esqueleteados”. Nas produções de café é preciso sempre renovar parte da lavoura para dar tempo da planta se recuperar. Um ano oferece só folhas e galhos, no outro, entrega safra cheia.
Solange reflete que foi só depois de quatro anos trabalhando com os grãos que “pegou o jeito” do trabalho na lavoura e que o objetivo agora é chegar aos 50 mil pés de café. Por toda a propriedade são realizados cuidados com a adubação, a cobertura do solo e o controle de pragas. Segundo a produtora, o café é uma cultura resistente e, mesmo com a falta de chuva deste ano, a lavoura está “caminhando bem”.
A produtora acompanha a maturação e o desenvolvimento dos grãos. Com essa análise, torna-se possível fazer a seleção para o café especial. A produção no Sítio Raízes também fornece café tradicional, mas tem um destaque importante na venda do café selecionado e exclusivo, que integra o trabalho das Mulheres do Café do Norte Pioneiro do Paraná.
O trabalho com a adubação e os tratos culturais nos pés de café são uniformes e não possuem diferenciação, mas as técnicas e estudos fornecidos pela IDR-Paraná Emater e Iapar auxiliaram na produção dos famosos cafés especiais. Com uma colheita e seleção diferenciada, os grãos possuem uma maturidade específica e exigem uma secagem diferente, com um olhar atento do produtor. É nesse momento que Solange conta com a ajuda da filha, Ana Carolina, no processo de escolha e classificação.
Para a mãe é um orgulho estar passando o legado do café para a filha. “Queremos estar todos juntos. É importante estar aprendendo e ajudando. Faz bem para ela e é uma empresa nossa, gostaríamos que ela trabalhasse no café, mas depende muito dela. Dentro desse projeto do café especial pode ser feito muito estudo e aperfeiçoamento”, ressalta Solange.
Ana Carolina é uma jovem de 16 anos que está no último ano do ensino médio e revela que é muito bom ver o orgulho dos pais quando ela se interessa pelo cultivo de algo pelo qual eles sempre tiveram muito amor. “Quando eles iam para a roça, me convidavam para ir junto no trator, e eu ficava lá ajudando. Gosto de fazer o trabalho com o grão selecionado. Agora estamos fazendo um processo com uma fermentação diferente, trazemos tudo da roça, selecionamos aqui em casa, separamos o vermelho, colocamos no tambor e lacramos por 20 dias. Ele vai fermentar e depois colocamos para secar no terreiro”, explica a futura produtora.
Desde pequena, Ana Carolina acompanhava os cuidados com o café na hora da adubação, arruação e colheita. “Você vai entendendo para que serve cada coisa. Vou aprendendo e vejo que é interessante. Você vai querendo se aprofundar cada vez mais e vê que a aprendizagem não para, sempre vai evoluindo. A internet e a inovação com o maquinário ajudam bastante, não dá para parar de evoluir”, destaca a filha de Solagem. A estudante já frequentou cursos promovidos pela Emater e pelo Senai sobre avanços tecnológicos no trabalho com o café, “isso ajuda a fazer com que o jovem queira continuar o trabalho dos pais na roça”, conclui Ana Carolina. Ao final da entrevista, a mãe Solange, emocionada, reforçou que a filha ajuda muito.
A Revista Agrícola parabeniza o trabalho feito por mãe e filha com o café especial.
Parabéns também a todas as mamães que cuidam com dedicação e amor de todos os seus frutos, sejam eles gerados ou criados. O nosso muito obrigada a todas vocês.
O Rally Mulheres do Agro, tem o patrocínio de grandes empresas do agro, como BASF, Helm do Brasil e Simbiose, aos nossos parceiros o nosso muito obrigado.