Se não bastasse a conjunção de fatores específicos que levaram à atual e histórica alta dos preços do milho, o clima resolveu entrar nessa ciranda e bagunçar ainda mais a situação. Na primeira quinzena de maio, o preço médio da saca de milho no país ultrapassou R$ 42,00. Em circunstâncias normais esse já seria um valor exorbitante do cereal em qualquer lugar do Brasil, e estamos falando apenas da média. Em várias regiões consumidoras de grãos, o valor da saca de 60 kg já passou dos R$ 60,00.
Obviamente com o milho sendo cotado a preços historicamente semelhantes aos de soja, não há alta de insumos que prejudique os ganhos, e os que apostaram no milho para o inverno estão rindo à toa, excetuando-se aqueles que se depararam com estiagens. Infelizmente, essa é a típica situação na qual nem todos podem vencer. Os lucros extraordinários usufruídos pela maioria dos produtores estão sendo pagos pelos prejuízos dos mercados consumidores de milho.
É a lógica da oferta e demanda, e o milho nunca vendeu tão bem, a despeito dos preços estratosféricos. As taxas de comercialização têm indicado recordes de venda antecipada. Segundo os dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), ao final de abril, 62,3% da safra prevista já havia sido vendida. Esse percentual para o respectivo mês de 2015 foi de 48,6%, e em 2014, foi de 11,5%. No Paraná, estado que colhe a segunda maior safrinha do país, a situação não é diferente. Até o final de abril, segundo informações da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná (SEAB), 21% da safrinha de milho já estava vendida. Apesar do menor percentual quando comparado ao Mato Grosso, é importante lembrar que o estado paranaense não tem tradição de vendas antecipadas de milho. Até recentemente, a comercialização da safrinha só começava em maio-junho e de forma lenta.