A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) reuniu na tarde de quinta-feira, 06 de agosto, representantes de estados produtores do grão em um webinar que levantou as expectativas em relação à safra nacional do grão.
“Esse encontro online é de extrema importância para a cadeia do trigo do Brasil, pois nos apresenta um panorama geral da produção do cereal no país, a fim de que possamos nos organizar quanto aos próximos meses e ainda reforça o potencial para o crescimento da produção no território nacional”, destacou o presidente-executivo da Abitrigo, Rubens Barbosa.
O cenário do grão no mundo foi apresentado pelo Head de Vendas Trigo da companhia russa Sodrugestvo, Douglas Araújo, que destacou uma forte possibilidade da presença do trigo da Lituânia no mercado brasileiro em 2021, como uma alternativa adicional para o mercado nacional. “O governo brasileiro aprovou a importação do cereal lituano este ano, mas por questões burocráticas ainda não houve tempo hábil para iniciar as negociações. Acreditamos que para o ano que vem ele seja uma novidade no mercado”, afirmou.
Outro ponto em destaque na apresentação foi a recuperação da Austrália como origem de trigo para o mundo. “O país teve uma forte queda na produção no ano passado, o que abriu mercado para que o trigo argentino ganhasse espaço em países como as Filipinas e a Indonésia. Neste ano, o cenário será diferente, pois o trigo australiano terá um aumento significativo na produtividade e a Argentina terá que buscar outros destinos para o volume excedente de cerca de 7 milhões de toneladas”, explicou Araújo.
No cenário nacional, as expectativas para a safra brasileira são muito positivas. As condições climáticas colaboraram muito com o bom desenvolvimento das lavouras em todos os estados, o que pode resultar em uma colheita positiva nos próximos meses.
O diretor do Moinho Vitória, Murilo Cunho, apresentou o panorama do trigo no Cerrado, destacando que as expectativas da safra deste ano estão acima das divulgadas para a região pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “De acordo com as nossas estimativas, as lavouras apresentam uma evolução muito positiva. Esses números são marcados por boa parte do trigo já colhido, com perspectiva de uma safra acima de 500 mil toneladas para este ano”, declarou.
Representando São Paulo, o presidente da Câmara Setorial do trigo, Victor Oliveira ressaltou uma possibilidade de safra recorde nos campos paulistas. “Baseado nos dados reportados pelas quatro principais cooperativas do estado, temos potencial para um volume estimado de trigo em São Paulo acima da casa das 300 mil toneladas. Para esse número se confirmar ainda precisamos de um pouco de chuva neste mês e temos algumas preocupações quanto às chuvas no mês de setembro, quando será feita a maior parte da colheita, mas a expectativa é muito positiva”, destacou.
No Paraná, maior produtor do país, os campos de trigo também evoluíram muito bem, apresentando boas condições de sanidade e desenvolvimento. “O ótimo desenvolvimento das lavouras no estado animou o produtor paranaense, devido à boa produtividade e qualidade do grão. Esperamos uma colheita com volume acima do recorde do estado, registrado em 2016. Para a safra 2020, a estimativa é de um volume acima de 3,5 milhões de toneladas”, afirmou o gerente de suprimentos do Moinho Globo, Rui Souza.
Outro estado que relatou uma possibilidade de números acima dos estimados para este ano foi o Rio Grande do Sul. De acordo com os dados exibidos pelo presidente da Câmara Setorial de Culturas de Inverno, Hamilton Jardim, o trigo gaúcho registrará um aumento significativo este ano. “Acredito que teremos uma surpresa quando efetivamente fizermos a apuração da safra no estado. Nossa expetativa é que ultrapassamos os 930 mil hectares e, não se surpreendam se o Rio Grande do Sul entregar para o mercado mais do que 3 milhões de toneladas”, enalteceu.
A reunião ainda contou com a presença do diretor da Unexpa S/A, Fernando Acosta, que foi convidado para apresentar um panorama sobre a safra no Paraguai. “O maior importador de trigo paraguaio é o Brasil, que representa mais de 90% do volume exportado pelo país. Com foco nisso, temos trabalhado na melhoria das sementes, buscando oferecer um trigo de melhor qualidade aos moinhos brasileiros”, afirmou.
“O país tem 80% de sua lavoura em condições excelentes e esperamos produzir um volume de cerca de 1,3 milhão de toneladas“, acrescentou Acosta.